sábado, 24 de fevereiro de 2018

A Pérola que Rompeu a Concha - NADIA HASHIMI

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Olá pessoas!!!


Trouxe uma magnífica história sobre, em especial mulheres do Afeganistão. Este livro nos põe de cara com questões como política, corrupção, casamento infantil, descriminalização de deficientes,  violência às mulheres e desigualdade de gênero sofridas naquele pais e foi muito bom ler sobre essa outra cultura. Tenho uma empatia enorme por esse povo, em especial às mulheres e crianças, então vamos à essa história inspiradora.

"Assim é a vida para as meninas. Uma filha não pertence de fato a seus pais. Uma filha pertence aos outros"


Rahima é uma criança que vive no Afeganistão com sua mãe, chamada pelos filhos de Madar-jan e seu pai chamado pelos filhos de Padar-jan, e suas duas irmãs mais velhas e mais duas irmãs mais novas. Ou seja, eram cinco filhas e ela era a do meio. A cultura daquele povo não via com bons olhos uma mulher que somente tinha filhas, era humilhante para o pai não ter filho e isso atrapalhava o andamento daquela família. A mãe se sentia impotente por não ter gerado menino e o pai colocava a culpa nela.

As meninas adoravam estudar, porém devido às circunstâncias não podiam sair de casa sozinhas, pois era perigoso. E tinham também a cultura em que, meninas tinham que sair de burca, andar de cabeça baixa, não poderia olhar nos olhos dos homens e etc. Sua mãe sentiu que tinha a necessidade de um menino, mas não queria se arriscar engravidar novamente, a casa já estava cheia e seu marido vivia viajando para guerra e quando estava em casa ficava muito irritado devido aquela situação, ficava somente deitado e fumando ópio (maconha).

A solução mais fácil que essa família recorreu foi transformar uma de suas filhas em Bacha posh (que significa vestida como um menino em dari). Rahima foi a filha escolhida, pois ainda não tinha virado moça, tinha 10 anos e era esperta. Seu cabelo foi cortado e lhe arrumaram roupas masculinas. A partir dali sua vida modificou, teve a liberdade que todo o garoto Afeganistão podia usufruir. Podia brincar na rua com outros garotos, olhar nos olhos de outros homens, sair para estudar, para comprar coisas na feira pra sua mãe, acompanhar suas irmãs na rua e etc. Os costumes caseiros das mulheres também foi mudados, agora não precisaria ajudar nos afazeres da casa, mas trabalharia na rua ganhando algum trocado para sua mãe.

"Minha caminhada acelerada se transformou em uma corrida quando percebi que não precisava ser recatada e respeitável. Um homem velho passou e experimentei olhar diretamente para ele, fitando seus olhos semicerrados, e vi que ele não reagiu a minha insolência. Animada, comecei a correr mais rápido. Ninguém me olhou duas vezes. A sensação era de que minhas pernas estavam livres, em disparada pelas ruas."


Viveu como Bacha posh até os 13 anos, quando um homem muito poderoso quis tomá-la como esposa. (sua quarta esposa). Teve que deixar toda sua vida pra trás e se sujeitar a seu novo marido, dar filhos e cuidar da casa, aceitar sua sogra e as outras esposas dele. O homem além de oferecer dinheiro ao pai dela, ofereceu uma parte da plantação de ópio e casamento para as outras irmãs mais velhas dela.

"Ser mãe significava uma ruptura permanente com sua vida anterior. Não poderia mais pairar entre os gêneros, como uma pipa levada pelo vento. Não ia mais amarrar os seios para disfarçar sua silhueta. Não enganaria ninguém."


Rahima tinha uma tia, irmã de sua mãe, chamada Khala Shaima. Ela sempre foi muito presente e sempre lutava pelos direitos das meninas. Ela nasceu com uma deficiência na coluna e a cultura daquele povo era, se alguém nascesse "diferente" era marginalizado e não conseguia se casar. A irmã de Rahima também tinha uma pequena deficiência e isso as unia ainda mais. Então, ela sempre contava pras meninas uma história de sua tretavó.

Resultado de imagem para a perola que rompeu a conchaO livro mescla entre a história de Rahima e de Bibi Shekiba. Ela inspira sua vida e suas decisões com a história que ouve sobre sua tetravó. E a história de Shekiba é muito interessante e inspiradora para nossa protagonista.


Shekiba, uma menina que vivia com sua família separada dos familiares do pai. Na época ocorreu um surto de cólera e todos seus irmãos foram cometidos por essa doença, após a morte dos irmãos a mãe também faleceu ficando somete Shekiba e seu pai. Ali eles ficaram trabalhando na horta e com os animais, tocando a vida. Tanto seu pai como ela tinha um dom para mexer com a terra.

Depois de um bom tempo seu pai também faleceu e nossa segunda protagonista ficou só no mundo. Tinha os parentes de seu pai, porém não achou interessante mudar de vida e ir procurá-los. Continuou vivendo sua vida, emagreceu muito e chegou um tempo que foi obrigada a mudar-se para casa de sua avó. Lá era muito maltratada, era julgada culpada da morte do pai e de toda a família, pois quando pequena ocorreu um acidente e derramou óleo quente em seu rosto. Ou seja, um lado de seu rosto é lindo e o outro desfigurado.

Ali conhecemos a vida de Shekiba na casa da avó, depois quando ela foi "vendida", depois quando foi "doada", depois quando quase foi morta e etc.
Em contra partida conhecemos a vida de Rahima de casada e seus pensamentos e ideias. A vida de ambas, vivendo cada qual na sua época, mas dando inspiração e força.

Foi muito interessante ler essa história. Ver como Rahima teve que de Bacha posh voltar a se comportar como menino e como ficava com saudades da liberdade que somente eles tinham. O domínio que os homens ali tem em cima das mulheres e por mais que pareça fora da realidade nossa, a cultura daquele país é este e não mudou muito nos dias de hoje.

"Imaginando como teria sido a vida se eu nunca houvesse me tornando uma Bacha posh. Acho que foi a partir dessa transformação que minha família começou a desmoronar. E, é claro, cogitava se Shala e Parwin tinham os mesmos pensamentos. E se ainda se ressentiam das atitudes que eu tomara. Eu também queria saber o que Bibi Shekiba estava planejando. 



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